BenchSmart: Analise do sector
Impacto da pandemia sobre a distribuição de gás na Argentina
Conheça os principais aspectos que impactaram a eficiência das distribuidoras de gás na Argentina durante a pandemia do COVID-19.
Sobre a investigação
Naturalmente, para avaliar o desempenho e obter melhorias de produtividade, as empresas muitas vezes recorrem a uma avaliação comparativa com outras empresas do mesmo setor, sendo o benchmarking uma ferramenta que permite definir e calcular indicadores de desempenho, custos e financeiros para avaliar a eficiência relativa das empresas.
Introdução
São bem conhecidos muitos dos efeitos devastadores para as diferentes economias do mundo trazidos como consequência da pandemia de Covid-19. Praticamente, não há nenhum setor ou indústria que não tenha sido afetado por ela.
O confinamento realizado por vários governos durante o período 2020-2021, no qual a Argentina não foi exceção, trouxe grandes mudanças tanto nos hábitos de vida das pessoas, especialmente naquelas associadas ao consumo e ao trabalho, bem como na atividade econômica de empresas e indústrias.
Neste artigo, são analisadas e expostas algumas das consequências experimentadas pelo setor de distribuição de gás natural na Argentina, através de dados compilado pela ferramenta BenchSmart, desenvolvida pela Quantum América. Inicialmente, são levantadas as seguintes preocupações:
As distribuidoras deste setor tiveram suas rendas afetadas? Como evoluíram seus custos neste período? Houve mudanças no comportamento da demanda de gás natural? A seguir, serão apresentadas algumas conclusões a partir de análises de indicadores que permitem responder estas e a outras inquietudes.
Impacto na receita das distribuidoras argentinas
Em primeiro lugar, é analisada a evolução do indicador receita por cliente de las 9 distribuidoras argentinas acorde al Gráfico 1. das 9 distribuidoras argentinas conforme o Gráfico 1. Este gráfico, apresenta a média entre todas as distribuidoras argentinas com receitas em dólares americanos para a moeda de dezembro de 2020 por cliente, com sua correspondente variação ano a ano. É possível verificar uma forte queda de 51% deste indicador
no ano de 2020, como consequência da pandemia.
Ao decompor o indicador entre as variáveis que o compõem, podem ser observadas as possíveis causas desse resultado (Gráfico 2).
A partir deste gráfico, uma estabilidade é identificada no número de clientes totais do país, mesmo com um ligeiro aumento ano a ano de 1% em 2020, enquanto é exibido uma queda significativa nas receitas totais a nível país (51%), conforme observado no primeiro gráfico. Portanto, as distribuidoras argentinas mantêm seu nível de clientes ao longo do período, porém, suas receitas são reduzidas consideravelmente. As possíveis causas disso, podem ser reduzidas principalmente a:
- Maior nível de incobrabilidade pelas distribuidoras.
- Forte redução da demanda de gás pelos clientes.

GRÁFICO 1: Evolução das receitas por Cliente das
distribuidoras argentinas. Período 2016-2020.

GRÁFICO 2: Evolução das receitas por Cliente, com
abertura dos componentes. Período 2016-2020.
O gráfico 3, mostra uma queda global do indicador em 3 pontos percentuais, que é gerado por uma forte redução nas despesas financeiras (-70%) e no passivo total (-38%) das distribuidoras argentinas. O motivo advém da impossibilidade de renovar as dívidas com fornecedores neste período, então houve uma redução do passivo total das empresas, o que implicou consequentemente reduzir suas despesas financeiras.
Uma maneira de descobrir qual deles gera o decréscimo médio das receitas por cliente, é analisando a percentual de participação que tem contas a receber sobre o ativo circulante. Um aumento considerável no ano 2020 deste indicador refletiria uma maior inadimplência por parte dos clientes; porém, ao avaliar a participação das contas a receber no ativo circulante, não é possível visualizar este efeito, como demonstrado no Gráfico 4, mas, pelo contrário, é possível observar uma ligeira diminuição no mesmo.
Outro comportamento a ser analisado é o do consumo unitário total. Este indicador é calculado como uma média ponderada, ou seja, considera-se o volume total de gás vendido de todas as distribuidoras argentinas e dividi pelo número total de clientes das mesmas.
O gráfico 3 demonstra queda significativa no consumo por cliente em nível país considerando todos os segmentos de consumo, que está associado principalmente ao colapso nas receitas por cliente: embora tenham mantido os níveis de clientes ao longo do período, estes demandaram menores volumes de gás.
A seguir, uma análise mais detalhada do comportamento da demanda nos diferentes segmentos de consumo de gás natural.
O Gráfico 5, mostra que o segmento comercial é o mais afetado pela pandemia em termos de retração na demanda, devido à baixa atividade que teve neste período devido ao fechamento de lojas durante o confinamento. Por sua vez, dada a necessidade e exigência de teletrabalho em casa para a maioria das pessoas, verificou-se um aumento do consumo no segmento residencial neste mesmo período.

GRÁFICO 3: Evolução Consumo Unitário Total. Período 2016-2020

GRÁFICO 4: Evolução participação de Contas a receber em Ativos Circulantes. Período 2016-2020.

GRÁFICO 5: Variação Demanda por efeito Covid. Período 2019-2020.
Outra variável interessante para estudar o quão densas podem ser as distribuidoras argentinas, entendidas como a quantidade de clientes por unidade de extensão de rede.
A densidade das distribuidoras argentinas diminuiu progressivamente no país durante o período 2016-2020, o que pode ser observado no Gráfico 6. Analisando, ano após ano, os componentes que compõem este indicador, a extensão da rede dada em quilômetros (linha cinza) apresenta um ritmo de crescimento superior ao número de clientes (linha laranja), o que explica a tendência de queda da densidade. Isso demonstra uma alta maturidade do mercado Argentino, por ser o país com a maior taxa de cobertura de gás natural da América Latina (ver artigo que se refere a cobertura no setor de gás natural https://benchsmart.quantumamerica.com/project/cobertura-gn-latam/).
Abaixo está o Gráfico 7 de dispersão demonstrando a densidade das distribuidoras argentinas em relação a suas
respectivas áreas de concessão (dadas em km2), onde se observa que as distribuidoras são mais densas quanto por possuírem menor área de distribuição.

GRÁFICO 6: Evolução de Densidade e seus componentes

GRÁFICO 7: Densidade versus área de concessão
Mudanças no comportamento dos custos das distribuidoras argentina
Focando na análise nos custos e despesas das distribuidoras argentinas, um indicador muito importante é o custo total de operação e manutenção (Custo de O&M) para cada quilômetro de rede que apresenta a empresa. O gráfico 8 mostra a evolução dos custos na Argentina, e verifica-se que eles vêm diminuindo nos últimos anos, como é o caso do restante das distribuidoras da América Latina, com um leve pronunciamento da queda no ano de início da pandemia (2020). Esse comportamento é explicado devido a extensão de rede das distribuidoras que vem aumentando ao mesmo tempo em que o custo de O&M vem diminuindo.
Além disso, o indicador de custo comercial total por cliente demonstra uma diminuição no ano de 2020, tanto na Argentina como no resto da América Latina. Isto pode ser devido à introdução de novas tecnologias, como o que se viu recentemente com a incorporação de um maior número de tele medidores, e de um processo de digitalização incentivada pela pandemia, que continua em crescimento constante.
Sobre o que aconteceu com as dívidas e despesas financeiras que incorrem nas distribuidoras, típico da gestão do negócio, tem sido visto nos últimos quatro anos, uma mudança de tendência no ano 2020.



GRÁFICO 9: Gastos financeiros em relação a dívidas. Período 2017-2020.
O gráfico 9, mostra uma queda global do indicador em 3 pontos percentuais, que é gerado por uma forte redução nas despesas financeiras (-70%) e no passivo total (-38%) das distribuidoras argentinas. O motivo advém da impossibilidade de renovar as dívidas com fornecedores neste período, então houve uma redução do passivo total das empresas, o que implicou consequentemente reduzir suas despesas financeiras.

GRÁFICO 9: Gastos financeiros em relação a dívidas. Período 2017-2020.
Por outro lado, se for avaliada a evolução da composição dos Custos do PMSO (Pessoal, Materiais e Suprimentos, Serviços de Terceiros e Outros Custos), conforme demonstrado no Gráfico 10, conclui-se que há redução na participação dos custos em Pessoal no que diz respeito aos custos totais, pelo fato de as distribuidoras argentinas serem mais eficientes alcançando maior automatização das tarefas operacionais (ou seja, capacidade de realizar mais atividades com menos pessoas), uma maior terceirização de atividades e uma maior aceleração na transformação digital, em decorrência da pandemia, provocando queda da participação da massa salarial nos custos totais das empresas.


GRÁFICO 10: PMSO em Opex Total. Anos 2017 e 2020.
Concluções
Este artigo tem como objetivo apresentar diversas análises relacionadas à pandemia e o impacto gerado, no período 2016-2020, no setor de distribuição de gás natural na Argentina.
Para o desenvolvimento deste artigo, foram utilizadas como base as informações extraídas da Ferramenta BenchSmart desenvolvida pela Quantum, que permite realizar este tipo de análise exploratória sobre as distribuidoras argentinas e outras distribuidoras na América Latina.
Por um lado, permite estudar a evolução das receitas das distribuidoras, identificando um forte impacto da pandemia, principalmente devido à queda do consumo unitário comerciais tiveram como consequência do forte confinamento. Além disso, conclui-se que a densidade por cliente das distribuidoras atingiu um patamar de crescimento com tendência de queda devido à alta maturidade e desenvolvimento do mercado, onde a extensão dos gasodutos cresce mais do que o número de clientes.
Por fim, analisa-se uma variável tão relevante como a evolução dos custos das distribuidoras utilizando diferentes drivers, destacando o atual processo de transformação digital acelerado pela pandemia, a incorporação de boas práticas para maximizar a eficiência e a automatização de tarefas, como possíveis oportunidades de melhorias na indústria por parte das distribuidoras argentinas de gás natural.
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